quarta-feira, 30 de março de 2011

"(...) As duas meninas sonham. As duas meninas estão no mesmo livro. O menino não. O menino espera fora dessa história, talvez nem case com ninguém no final.
As meninas sonham como Alice, Alice no País das Maravilhas. Elas sonham com o buraco por onde se meteu o coelho branco apressado, elas querem entrar também. O buraco em que elas querem  muito entrar chama-se televisão. E naquele buraco irresistível no meio da sala eis que aparece uma fresta, uma oportunidade de entrar: o Big Brother e todos aqueles gatos e seus sorrisos de gato. E todos aqueles chapeleiros malucos e seu chás. E todas aquelas festas e provas malucas. E todas aquelas rainhas a cortar cabeças. E todos aqueles líderes. E todas aquelas cartas e o baralho de gente. E todas aquelas portas, fechaduras, cadeados.
Tantas chaves e tanta vontade de mergulhar, despencar naquele buraco, pirar geral para o reino inteiro ver. Crescer até não caber em si. Encolher até caber no buraco de saída(...)".

Nenhum comentário:

Postar um comentário